PAJÉ
Ele me convidou para uma visita à sua aldeia no Amazonas.
Fui me preparar para esta viagem. Ao me entregar ao comando espiritual um desencarnado chegou bem naquele momento.
_ Betezek! Eu preciso de sua ajuda! Preciso que me leve até minha cidade natal! Não sei o caminho! Estou perdido!
Este espírito já desencarnou a alguns anos aqui mesmo em Campo Largo. Eu o conheci e era amigo da família. Estudou em Irati, Paraná. Carlos, seu nome. Era dono de uma imobiliária.
O pajé então deixou esta visita para outra oportunidade. Primeiro a missão, depois a diversão.
Fui levar este amigo até sua origem para ele se conformar com seu desencarne.
Chegando naquela cidade que foi também meu primeiro estágio de chegada deixei por sua conta fazer sua programação. Além de visitar os lares seu último adeus era no cemitério local, perto do convento das freiras.
_ Carlos! Você está em sua casa, sua cidade onde teus pés chegaram de sua longa viagem! Estou voltando, tenho outro compromisso!
_ Agradeço sua ajuda!
Voltei rapidamente para meu corpo, porém o pajé não estava mais aqui. Cinco horas da manhã começou uma dor no estômago que me fez levantar. Gastei muita energia neste encontro. Sem precisar ou pedir o pajé voltou e fez sua pajelança no meu plexo. Ele viu que eu estava sem energia.
Até agora ainda ele está aqui com seu rito sagrado. A pajelança cabocla é uma forma de culto mediúnico, constituído por um conjunto de crenças e práticas muito difundidas na Amazônia.
Esses contatos diretos com espíritos confundem os missionários porque sem um médium especificamente não há movimentação interplanos.
Lá onde se encontram não tem mais ligação com a terra. Por isso a necessidade de alguém ser porta voz.
Os espíritos querem falar, querem ajuda, querem respeito. Não podemos esquecer que também um dia vamos precisar desta ajuda da terra.
Com este frio fica difícil examinar o conteúdo do resultado. Pode ser tudo, mas deve prevalecer o amor, a caridade e a compreensão.
Eu já vi um espírito após desencarne vir cobrar outro encarnado só porque ele foi grosso com ele. “Você gritou comigo sem eu nunca ter lhe ofendido. Sempre te elogiei como missionário”.
Entendam que quem bate esquece, mas quem apanha jamais esquecerá.
Nós somos filhos do sol e da lua. Vocês sabem o significado desta qualificação doutrinária!
O eterno viver nos ensina uma grande lição: nunca fechar sua porta para Deus. Nunca esquecer que vivemos uma cultura ancestral, sim, o vale é ancestral pelo rito das civilizações que já fomos batizados.
O vale é a nossa catedral hebraica do conhecimento científico para a nova era. Percebam que tudo que fazem ou buscam tem um alicerce no passado.
Não se pode somente vitimizar os desencontros para nos fecharmos neste forte armado até os dentes.
O pajé ainda está presente aqui comigo. Ele somente me mostrou sua aldeia em meio a uma clareira iluminada pela lua cheia. Eu olhava para dentro das matas e via o reflexo da mãe lua entre as aberturas das altas copas. No meio construções bem simples de palha onde descansavam os índios. Eu queria ir até lá mesmo acordado. Seria um transporte consciente. Ainda é cedo para esta finalidade. Nós estamos reaprendendo a viver um caminho de emoções.
Tudo é consciência. Se pensarmos em algum lugar pode ter certeza que lá estaremos em espírito.
Muitas vezes passamos por certos lugares e temos a sensação de ter estado ali. Pode ser em uma encarnação ou em viagens fora da matéria.
O simples fato de recordar já nos trás lembranças de vidas passadas ou do presente momento.
Estou sem sono. Sem energia nossos olhos ficam secos.
Tem noite que preciso colocar colirio de tão grudado que a pálpebra fica. Chegando a doer.
É por este motivo que os aparas trabalham com seus olhos fechados. Proteção ocular.
A falta do piscar seca as lágrimas e quando um médium trabalha de olhos abertos ele não pisca. Pode ocasionar lesões como dor, irritação e até cegueira.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
09.07.2025
