CURUMINS
Só quem trabalha na sessão branca tem permissão de entrar nas matas em busca da cura. É como os índios vivos que chegam aos templos para troca da energia pelo conhecimento espiritual.
Após o trabalho eu tive que me revestir da natureza. Os curumins vieram me buscar. Pegaram em minhas mãos e saíram me puxando para as matas. Eu ainda estava entrando no círculo espiritual quando isso ocorreu. Eram muitos curumins correndo, gritando, sorrindo, brincando. Eu me senti uma criança no meio deles.
Eu não sabia para onde estavam me levando, somente fui.
A noite foi dando lugar para uma clareira e logo uma aldeia surgiu. Haviam poucos índios adultos, espíritos, e isso me chamou atenção. Para onde foram todos. Depois de raciocinar eu ouvi uma voz infinita:
_ estão nas casas de Seta Branca meu filho!
Aí eu entendi porque estava vazia esta aldeia. Fiquei mais calmo com receios destas crianças serem capturadas por outros espíritos.
Eu participei desta festa com todo amor e respeito. O Cacique que veio trabalhar comigo na sessão branca me curou psíquicamente. Muitas vezes absorvemos energias esparsas que jogam em nossas cabeças e elas têm um poder destruídor causando distorções da realidade. Por mais que eu consiga libertar meu espírito do físico ainda carregamos esta vibração que fica grudada no interoceptivel.
Logo que adormeci na terra entrei no mundo dinâmico.
Eu fico pensando na voz direta do céu que abre as portas das comunicações na terra. Este dom é por merecimento do espírito e não do físico.
Muitos não tem esta permissão de lembrar de suas aventuras entre os mundos de Deus. São espíritos ainda presos ao karma.
“É preciso morrer para conhecer a vida eterna”.
Esta mensagem está gravada no portal que separa os mundos. Não que seja a morte física, mas a separação do joio.
Tia Neiva passou por este processo penoso de separar os corpos. Eu também passei por este processo quando me vi do outro lado. Tive medo, sim, muito medo de não voltar.
A verdade é que quando alguém consegue desdobrar sua mente causa euforia no conjunto iniciático.
O que eu escrevo é o meu diário, meu livro, meus registros que compartilho como esperança de mostrar o rumo certo. Muitos jaguares se reencontram com suas origens e ao voltarem ao físico suas mentes sofrem o apagão.
Uma mente fechada, bloqueada, é como um esconderijo para o espírito que foge de suas juras transcendentais. Imaginem vocês frente a frente com suas vítimas passadas. Qual seria vossas reações tendo cometido tantos atos ruins. Será que iriam entender os motivos de viver escondidos.
Eu sou somente um aluno da espiritualidade. Eu gosto de trabalhar para poder merecer os olhos de Deus sobre meus caminhos.
É muito triste para os mentores quando veem seus filhos divergindo das orientações espirituais. Ao julgarem seus irmãos pelo que não entendem no que seja evolução espiritual ficam cada vez mais presos ao mundo material. Ser espiritualista ou espiritista como tia falava, é ter merecimento de poder sair do corpo físico e ir em busca da verdade.
Tudo é merecimento. Se alguém não tem lute para conseguir. Não fique parado julgando quem tem. A pior coisa para um encarnado deste sacerdócio é causar mal ao próximo.
Viver na terra é muito fácil, mas viver em dois mundos diferentes é complicado.
Como diz: se eu respiro logo existo.
Se eu mudo minha frequência magnética é porque alguém confia em mim. Não se faz nada sem permissão.
Assim quando entrei na clareira os espíritos não estavam lá. Olhando bem os corpos estavam dormindo. Foi algo incrível. Tia Neiva cobeguiu arrastar estes jaguares encarnados em suas roupagens nativas para os templos do amanhecer.
Vocês entendem o que é se revestir da natureza. É trocar sua roupagem encardida para não contaminar os contatos fora da terra.
Não se leva nada deste mundo. Não adianta que nem seus pensamentos vão junto.
Por isso eu entendo os julgamentos que sofro por meus conterrâneos de outras vidas. Eles se materializaram muito e estão presos às suas faixas de cobrança.
Ser livre é ter bons motivos de aceitar que seu irmão pode se evoluir primeiro. É agradecer a Deus porque ele ainda está abençoando nossas vidas.
Evolução neste amanhecer não é involução da consciência. Seja consciente que um dia possa ter o direito de fazer isso que faço e muito melhor ou melhorado. Questão de aceitação.
Primeiro vai aprender a trocar sua roupagem espiritual. Voltamos ao princípio destas encarnações.
Aqui nesta simples aldeia feita de palha eu me senti um rei. Não sei se entendem. Era tudo tão puro, tão bacana, que até um rei joga fora sua coroa. Riqueza não tem valor quanto da vida eterna.
As criança corriam de um lado para outro sem se preocuparem comigo. Me senti em casa.
Recebi a minha cura e pedi pelos hospitais, pelos presídios, onde houvesse dor que este amor chegasse. Pensei em todos em minhas preces para que sejam curados.
Uma energia branca foi subindo desta aldeia e se espalhava pela terra. Por isso sessão branca. Agora eu compreendi o valor desta contagem da natureza pela simplicidade de cada coração. Nós hoje somos curadores da terra. Apesar de tantas divergências nesta tribo ainda somos reconhecidos por este sacerdócio de Seta Branca. Que todos tenham compaixão de seus espíritos que podem sofrer as consequências dos seus atos. Amem para serem amados. Perdoem para serem perdoados.
Eu não consigo julgar os meus algozes. Eles são melhores que eu.
Por isso vivo viajando e construindo meu mundo dinâmico. Deixo na terra tudo que é ruim e visto minha roupagem de missionário. Ruim que falo são as vibrações negativas do descontentamento humano.
Façam por merecer. Eu fiz e conquistei as duras penas de uma sociedade pagã.
“Sou mestre porque confio em ti, Jesus querido, onde quer que esteja sei que estarás comigo”.
Estarás comigo e não me ouvindo somente.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/ Un
22.04.2025
