CABARÉ
A mulher do cabaré é uma história de vidas mal resolvidas. Fui resolver este desafeto espiritual e um homem apaixonado queria tirá-la deste caminho, porém o destino sempre trai os grandes amores.
Era um lugar do pecado entre a pobreza e a luxúria que andavam de mãos juntas. Não que fosse indispensável esta parte da história, mas ninguém consegue enganar os fatos vivenciados.
Muitas vidas trazidas dentro de um quadro de violência sexual onde ninguém era mãe e ninguém era pai. As vidas ceifadas em abortos clandestinos, outras doadas para entidades de caridade e outras perdidas na profanação do corpo que Deus entregou.
_ Senhor! Eu vim buscar o meu amor! Só vou embora com ela!
_ Mas quem é o seu amor!
_ Não tenho permissão de falar, mas estou junto e com ela! Você a conhece!
_ Salve Deus!
Ali começou um diálogo doutrinário entre a certeza de mudar este quadro espiritual e a não certeza de mudá-lo. Muitas vezes um compromisso só se resolve pelo desencarne da vítima. E esta cobrança não é pelo ódio, mas por um antigo amor. Ele a amava tanto que nunca se esqueceu do que esta mulher representou para ele. Nem o convívio dentro do bordel lhe tirou o amor, porque são juras transcendentais. Deveriam ser almas gêmeas para perdoar as distorções de uma vida regrada a prostituição.
Dizem que o verdadeiro amor é cego, mas dentro dele se encontram as verdadeiras honestidades. Os humanos são frágeis em suas opiniões e se perdem pelo impulso das escolhas.
Esta mulher foi muito pobre porque pediu para viver esta pobreza. Sem ter como sobreviver em um mundo machista se entregou ao convívio de uma sociedade dividida na riqueza dos prazeres.
Muitas vidas vieram clandestinamente em seu ventre. Muitas mesmo. Foi mãe por necessidade e não por amor. Era um corpo escultural embebedando os inconformodados homens da terra que vagavam na solidão das ilusões. Nesta vida sem chance de ser mãe arde o desejo da felicidade. Uma falsa felicidade incubada no destino karmico. Ninguém consegue enganar Deus.
Eu fui conversar com este espírito preso no destino desta mulher. Ele me levou até o passado que no presente momento ficou registrado. Não sei se é um elitrio por amar de verdade. Existem diferentes formas de cobrança: por amor ou pela dor.
As duas não se diferem da realidade que é levar pelo desencarne sua vítima.
Estou em trânsito, viajando e aqui em São Paulo tenho compromisso com a verdade. Não há distância que separe os espíritos de suas missões. Só uma distância pode quebrar esta aliança do espírito com o físico, a morte.
Na vida missionária temos notado que a terra deu um grande passo na admissão e aceitação dos fenômenos espirituais. Para muitos não passa de paranormalidade porque estão somente cumprindo ordens na terra. Para outros o viver ou conviver com estes acontecimentos faz parte de uma conquista. Quem julga seu próximo é aquele que desconhece os princípios da espiritualidade. São seres da terra se alimentando pela discórdia. Gostam de matar a esperança com suas injúrias.
Os espiritualistas são pessoas dotadas de mediunidade que conseguem trabalhar na terra e no céu. Mediunidade é ter o dom para distinguir a verdade da falsidade.
Muitas vezes eu vejo os falsos profetas falando em nome de Deus. Falam como se fossem donos da verdade e conseguem arrastar multidões no círculo da necessidade materialista. Nesta retórica, Ethos, pathos e logos, só tem interesse nos bens e enganam os fracos sonhadores que se iludem por riquezas.
Eu conversei muito com este homem desencarnado. A mulher está viva e tudo começou a estreitar na relação da morte.
_ qual necessidade você tem de levá-la agora?
_ Há muito tempo a tenho seguido sem me apresentar! Tudo foi arranjado para ela ter sua evolução material! Porém nada aconteceu para livrar seu destino espiritual! Suas vítimas exigem seu desencarne como pagamento de uma vida regada a pobreza de sua alma!
_ Meu Deus!
Pensei alto.
E assim muita conversa foi motivo de preparar o espírito para esta reparação.
Não há liberdade sem o pagamento das dívidas passadas. Aconteça o que acontecer o destino está nas mãos do criador. Somos somente seres que podem ser luminosos ou apagados. Tudo depende de gestos e honestidade.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
14.04.2025
