REALEZA
Como a vida é simples quando soubermos compreende-la.
Vou explicar para contemplar a riqueza que temos quando compreendemos a nossa natureza.
Eu não nasci em berço de ouro e desde criança eu gostava de mato. Nasci em uma cidade do interior e naquela época os imigrantes tinham tanta dificuldade na conquista de seus objetivos: a sobrevivência.
Nasci com propósitos de me tornar um homem de respeito e buscar na minha ancestralidade o que jurei. Sempre sendo cortez e respeitoso. Minha timidez não deixava buscar as respostas que a terra poderia me dar.
Com o passar da idade eu tinha uma missão e falava comigo, vou ter minha família. Eu não revelava, não tinha muita passagem na liberdade de perguntar.
Foi então que na minha busca encontrei minha companheira de destino. Ela veio também de uma família de pescadores que lutavam para vencer as grandes ondas do mar. O destino é algo incrível que muitos não entendem o porquê se unem pelo amor ou pela dor. Esta vida nos ensina o caminho que aceitamos seguir.
Falo isso para ilustrar esta história a seguir.
Eu fui atrás deste nagô que veio me conhecer. Chegando na sua aldeia, meu pai, era tão simples, tão simples que eu senti vergonha da minha condição humana. Uma pequena casa, digo assim para entenderem, construída de barro socado em meio a galhos de mato. Tinha somente esta peça onde ele se escondia das noites sem luar e das feras que não dormem. Ao chegar o seu banquinho estava vazio, tombado. Procurei o velho nago e não o encontrei. Ele havia sido resgatado pelos congás. Então eu nem precisava ter ido esta aldeia porque ele já tinha partido.
Esta viagem me revelou a outra face da humildade. O amor incondicional.
Ninguém nasceu de berço esplêndido e as conquistas são lutas para evoluir o seu mundo material. Mas e o espírito como fica nesta história. Será que só temos a terra para conquistar.
Ao entrar nesta dimensão eu vejo as pessoas se discriminalizando na eterna luta para seu conforto. Então porque não unir o mundo físico material com o espiritual. Não devemos esquecer da longa trajetória que percorremos para chegar no momento atual e sentir os efeitos da reencarnação.
Lembre-se que nem o mais evoluído espírito materializou seu caminho na terra. Assim como veio ele foi no sacrifício do seu corpo.
Não que isso seja uma meta de pobreza, porém seria razoável aceitar as indiferenças que cada espírito encarnado trás no seu coração.
Vejam no caso deste nagô que viveu o seu mundo e hoje recebeu uma graça de se unir a uma grande legião de seguidores de Jesus. Os congás o aceitaram como grande irmão. Foi uma festa tão grande que o céu brilhou, pois mais um missionário voltou para seu sacerdócio.
Fiquei um bom tempo contemplando esta aldeia com casas distantes umas das outras. O chão de terra batida era tão limpa que parecia ser varrida pelo criador.
A lua teimava surgir entre as pequenas elevações pintando de prata este mundo. Tudo foi ficando prateado.
Eu parecia até um marciano de prata. Olhava para mim, para minhas mãos. Inacreditável.
Eu recebi um presente de Deus que é a minha missão e o meu sacerdócio. Minha família espiritual vem de longa tradição milenar. Eu estou cumprindo uma jornada para me juntar ao mundo que hoje desconhecemos. O caminho da verdade e da eterna vida.
Primeiro devemos observar quem cruza nossos destinos sabendo valorizar as indiferenças karmicas.
Deus deu a vida como promessa para aceitar as nossas conquistas. Todos merecem a chance de evoluir e se conscientizar que viemos do pó e ao pó retornaremos um dia. Somente o espírito vai voltar a caminhar.
Não se julguem e não critiquem pela riqueza ou pobreza. É tudo o que pedimos. Saber pedir.
Tenho voltado muitas noites aos meus impérios para destravar meu caminho. A dor de lá é a mesma daqui. Muda somente o meio.
Um mugido próximo me alertou. Era chegada a hora de voltar.
Graças a Deus que estamos vivos e conscientes da nossa verdade.
Enquanto tivermos forças vamos lutando.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
11.02.2025
