SOBREVIVÊNCIA
Como são as nossas missões entre certezas e incertezas.
Eu fui buscar um espírito que estava perdido em uma cidade no canal vermelho. Ela desencarnou cedo e foi para lá. Ao chegar, tudo novo, sem conhecimento de nada, estava parada perto da rodoviária. De lá ela vibrava pedindo ajuda. Estava deslocada do seu destino.
Ao chegar eu rodei em volta desta rodoviária para poder achá-la. Na segunda tentativa eu a vi na esquina. Estava desiludida e tão assustada porque não conhecia ninguém e todas as portas estavam fechadas.
Seria como alguém mudar de cidade e ao chegar no destino recomeçar sua jornada.
A solidão é muito pesada quando não tem amigos que possam ajudar na transição.
Chamei. Logo ela desconfiada veio.
_ Vamos, vamos, aqui não é teu lugar!
_ Me ajude!
Entre choro e medo, ela aceitou minha ajuda.
Neste mundo de surpresas, se nós não tivermos padrinho ou madrinha de nada valerá termos tanto conhecimento e não sabermos usar. Seria como uma criança que ao nascer precisa que seus pais ensinem o caminho certo.
É uma transição complicada não saber o dia de sua passagem. Se nós soubessemos talvez se preparasse para um final feliz.
A morte não tem voz, mas ela tem cheiro. O cheiro da morte é a mistura da desilusão, medo e revolta.
O espírito sabe quando irá partir. Chegando perto do dia jurado ele começa a ficar rude, mal humorado brigando com seus amores.
Foi o caso desta jovem. Tinha tudo que a vida lhe proporcionou, porém queria mais. Queria aquilo que seus olhos viam.
Perdeu sua evolução material e sua evolução espiritual. O desejo é amargo como fel.
A solidão é como traição. Se alguém na terra traí alguém pode ter certeza que também será traído.
Nossas vidas se resumem à família. Ali estão seus principais conterrâneos, suas heranças e suas juras transcendentais.
Nós somos missionários e com conhecimento espiritual atravessamos os segredos invisíveis para tornar realidade um sonho. Sonho todos sonham, agora ter a certeza da verdade que é a questão.
Ao embarcar a jovem fomos subindo até chegar em outro caminho. Nestas viagens de resgate nós usamos meios de transportes para se deslocar. Geralmente quem tem uma cápsula ou trabalha dentro de uma chalana tem maior facilidade. Cápsula que falo é um invólucro de energia magnética. Ela se apresenta em nossas auras e interfere no neutrôm.
Você já aprendeu usar deste conhecimento?
A chalana é como Tiãozinho me falou: meu irmão, a minha chalana está ao teu serviço. Ela está parada no portal.
Assim, os nossos meios para atingir outros mundos é saber usar a sabedoria. Não é somente dizer ser missionário e não conhecer os enredos da vida e da morte.
Viver na terra é muito fácil, agora viver sem a terra sob seus pés que é a questão.
Eu tenho avançado os meus limites de atuação. Quem trabalha comigo trabalha dentro do meu portal. Não preciso mostrar o caminho, basta saber caminhar.
Senhor do meu sétimo. Mago veterano do universo.
Vocês sabem a idade de vossos espíritos?
Não sabem!
Se soubessem, vocês iriam comemorar dia e noite sem fim.
Ser deste amanhecer e não conhecer é como ser cego em meio a um tiroteio. Não sabe de onde vem as cobranças.
Estou aqui escrevendo e sempre alguém aparece pedindo ajuda. Esta ninfa lua mora em Curitiba e seu pensamento chegou aqui. Ela está lendo minhas histórias e se ligou a minha mente.
“Aonde vai teu pensamento vai a tua alma”. Frei Juca, um missionário desencarnado dentro de um cemitério.
Agora, vejam como se liga um espírito com outro. Pelo pensamento.
De cabeça baixa por ter usado de suas prerrogativas de ninfa para me trair. Eu não preciso me defender, porque no mundo dos espíritos a consciência é como um punhal apontado ao seu próprio coração.
“Fira-me quando meus pensamentos se afastarem de ti”.
Nesta jura espiritual você está se contrapondo ao seu próprio destino. Na terra você é livre para fazer o que bem entender. Só que no céu espiritual é diferente.
_ Salve Deus minha irmã! Eu estou aqui! Você sabe e conhece meu paradeiro!
Jaguares e ninfas! Usem de suas mentes para emitir os seus pensamentos onde necessitam do seu amor. Nos hospitais, nos presídios, nos leitos de dores, na jovem mãe abandona, nos órfãos de pais vivos, no lavrador e sua colheita, nos caboclos e seus amores. Formem a sintonia com Jesus, com Deus, e soltem esta energia luminosa dos seus corações para que seus pensamentos cheguem aonde foi mentalizado.
Uma jura transcendental não quebra com outra jura, mas se multiplica e não se divide.
Chegamos em outro plano que era o destino desta jovem. Sua família a aguardava no grande solar dos itinerantes. Sob os abraços e alegria ela foi bem recebida. Até esqueceu de mim. Foi embora. Nós missionários não ficamos esperando agradecimento pela missão. Nós sabemos desta verdade e por isso ao completar uma missão nós vamos embora.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
25.11.2025