SARDINHA
Primeira vez que fui trabalhar com ela no mundo espiritual.
Era uma missão diferente. Fomos atender um casal que estava preso em um local esquisito. Parecia sardinha enlatada. Talvez este apelido seja dado pelas condições que vivem. Era um submundo como se fosse um grande estacionamento abandonado e para entrar teria que chamar pelo nome dele. Um homem chinês e sua companheira que desde muito tempo vivem em segredo. Ao abrir uma tampa de ferro, ela gritou:
_ sardinha! Aqui está o que você pediu!
Uma não desceu pelo buraco na parede e puxou tudo para cima.
Eu fiquei intrigado e logo ela entrou e eu entrei atrás. O homem foi selecionar o pedido e a mulher envergonhada sentou-se no banco de madeira para terminar o trabalho.
_ Então, é aqui que vocês vivem?
Ela bem acanhada sorrindo discretamente disse que sim.
Observei ao redor. Era somente uma peça com máquinas para trabalhar madeira. Eles eram como artesãos que viviam do que produziam.
Um mundo difícil. Estes espíritos estavam nesta situação fugindo de um regime de intolerância humana.
Não sei descrever o tempo, porque a contagem é diferente da terra.
Simplicidade, humildade e respeito. A sacerdotisa já começou seu trabalho espiritual. Está reunindo seu povo para recomeçar suas obras entre o céu e a terra.
Eu fiquei admirado com o que vi e participei. Libertar espíritos presos entre duas dimensões.
O sardinha ficou muito agradecido pela caridade. Eu fui como doutrinador para ajudar a resolver este contato.
Naquele tempo o regime era muito perigoso. Muitos foram mortos por não seguir os métodos socialista. Foram separados da sociedade para não contaminar os demais. Foi como retirar um problema sem resolver a causa.
Triste pela violência dos condutores que se acham no direito de extirpar seu povo como donos da verdade. A terra já entrou no terceiro milênio e a nova era será para se libertar e não aprisionar. Até hoje estão com medo e por isso se esconderam neste pedaço de lugar para sobreviverem em paz.
Não sabiam que desencarnaram. Para eles, o tempo não passou. Desconheciam anos, meses e datas. Era como se ainda estivessem vivos em algum lugar do seu país.
Ao sair deste lugar eu reparei que era como um grande presídio. Um lugar secreto, escondido, para conter os dissidentes.
O tampão foi fechado novamente. Eles aos poucos estão sendo esclarecidos e orientados. Não se muda algo milenar. O choque é perturbador.
Aprendi que o respeito é uma forma de reconhecer os erros. Se nós não respeitarmos as diferenças ou indiferenças não estamos no caminho da compreensão. Compreender o sistema faz parte do aprendizado.
Será que estamos compreendendo a nós mesmos?
Muita brutalidade espiritual ainda está no pensamento de muitos irmãos. Não aceitam novos ideais, novos compromissos, se fecharam como naquele tempo que os fariseus usaram da lei de Deus para combater seu filho Jesus. Jesus mudou tudo e lançou a pedra fundamental do sistema Cristico. Tudo que estava parado pelo tempo foi reconstruído. Como dizemos: não ficou pedra sobre pedra. Tudo foi mexido e remexido. Jesus deu um novo direcionamento para a humanidade. Porém a humanidade acostumada com suas riquezas temporais escolheu o Barrabás.
“Quem vocês querem que eu solte”.
“Barrabás, Barrabás”! Gritava o povo.
Foi um espetáculo deprimente que varou épocas e seus dissidentes foram reencarnando ainda na mesma condição.
Muitos se dizem crentes por querer acreditar na salvação, porém usam do nome de Jesus para amaldiçoar seus inimigos dizendo, o sangue de Jesus tem poder. “Jesus queime”.
Como podem usar do seu nome para destruir seus semelhantes que pensam diferente!
O trabalho de recartilhamento é como um carpinteiro que pega a madeira bruta e vai trabalhando artesanalmente até que ela seja útil para a vida.
Assim, nossas vidas vão sendo moldadas à imagem do carpinteiro.
Voltamos. Ela ficou onde reencarnou e eu vim para onde estou neste momento, casa de minha filha.
Um bom dia!
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
21.10.2025