CONVITE

CONVITE
Fomos convidados, eu e minha ninfa, para uma contagem especial em um templo do amanhecer.
Só por Deus mesmo.
A Contagem espiritual é diferente da contagem física porque os nossos espíritos vibram na intensidade da corrente magnética. Não há incorporações de entidades.
Ao abrir o portal interdimensional a cabala registrou nossa presença naquela cidade.
O General estava presente organizando como missionário para resgatar os espíritos que perderam suas vidas na terra. A corte foi formada e ao emitir minha procedência, o mundo etérico se abriu também. Foi uma visão triste, um cenário macabro. No chão muitos corpos empilhados mutilados, mortos. Era o retrato de uma guerra fria onde muitos jovens inocentes perderam suas encarnações.
Aquilo me trouxe medo. Não por mim, mas por aqueles que agonizam clamando por justiça.
O impossível revelou uma falange de sugadores atuando naquele cenário. Era uma enorme caverna cheia de muletas, pernas de pau e outros objetos.
Fiz a contagem, porém quem trabalhou tentando impedir foi esta falange. A radiação produzida foi de invasão mental. Eu diria: um quadro obsessivo negativo.
Eu não conseguia tirar os olhos daquela cena. Os envolvidos estavam na trama do conflito social e agora espiritual.
O que me deixou receoso foi a troca da individualidade. Com a crescente manipulação da mediunidade os sofredores se impregnaram com o ectoplasma mediúnico. Eram, agora, parte daquele sistema. Ninguém entra, ninguém sai.
A corrente magnética desatou um nó engasgado no peito. Todos assumiram suas interferências. Não era um lado positivo.
Eu chamei o presidente para mais perto. Ele veio com sua companheira para compreender este trabalho cabalístico.
Na conjunção dos planos, a verdade não esconde a necessidade. Houve uma troca de identidade. Ali não era uma libertação e sim uma prisão.
Casais trocando seus pares. Eu, como missionário, olhei aquela cena e busquei na força de Simiromba minha saída. Peguei nas mãos de minha ninfa e a arrastei para fora do círculo vicioso. Aquele caminho não era o nosso destino.
O General ficou estático. Eu acho que esta visita foi programada para despertar o que vive no silêncio das mentes acostumadas.
Quando você se acostuma com as indiferenças do seu círculo de convivência é porque foi tragado pelo mesmo padrão. É preciso alguém de fora para quebrar as correntes prisionais.
Foi isso que fizemos. Houve necessidade de estarmos inseridos neste caminho para despertar a libertação das almas.
Aqueles corpos amontoados ainda pagam seu preço.
O médium deste amanhecer trabalha no espiritual como se ele fosse o mensageiro. Espírito não incorpora espírito. O conhecimento das leis revela quem absorveu a identidade astral. Muitos só vivem pela terra. Poucos vivem pelo céu espiritual.
Voltamos. Deixei tudo neste enredo dos desejos proibidos. Não há pecado sem reparação.
A corrente magnética gerou um novo princípio. Foi uma indução que tirou dos plexos a energia estagnada. O acúmulo de energia negativa prende os espíritos, tanto o nosso como dos outros.
Não há libertação.
Mesmo tendo todo conhecimento da magia é muito difícil separar as coisas. Muitos não querem se libertar por medo de não saber o que os espera na nova estrada.
Dei instruções ao comandante daquela casa para ele e sua família não se prenderem nos laços da magia vingativa.
Foi horrível esta cena. Eu não estou acostumado a ver estas atividades mediúnicas.
O sol não despertou seus raios sobre esta parte do planeta. Sei que ele está lá. Fé. Logo as noites serão dias.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
13.09.2025

Vale dos Deuses 1985